Por que NÃO o livro didático na Educação Infantil?

Confira o vídeo da Professora Cassiana: acesse aqui 

Por que NÃO o livro Didático na Educação Infantil?

Cassiana Magalhães

Já não bastasse os tempos difíceis que estamos vivendo por conta da Pandemia da Covid 19, fomos “surpreendidas” por uma ideia de que agora, a alfabetização no Brasil acontecerá por meio de evidências científicas. E a pergunta é: O que nossos pesquisadores, professores fizeram até o momento? Seguiram o senso comum? Ao aceitar essa ideia estamos jogando fora o conjunto de pesquisas publicadas na área e desrespeitando cada profissional envolvido com a educação das crianças. 

Ao mesmo tempo e arrisco dizer, por conta das tais evidências científicas somos obrigadas a engolir um edital de PNLD para a Educação Infantil, esse sim, com claras evidências de retrocesso para a primeira etapa da educação básica. Um edital que desrespeita as diferentes linguagens e se destina apenas a língua portuguesa e matemática (literacia e numeracia), ainda de forma muito equivocada, sem levar em consideração como a criança pequena aprende e se desenvolve.   

O produto desse PNLD chega às escolas de todo Brasil, o que se vê nas publicações são atividades estereotipadas, e para quem anunciava o “novo”, o que mais se vê nos materiais são as velhas formas de ensinar: atos mecânicos em relação à escrita; atividades sem sentido; copie conforme o modelo; ligue um objeto ao outro. Essas e outras propostas de modo estereotipado em nada contribuem para o desenvolvimento do pensamento, da imaginação, não requerem ações das crianças que promovam de fato o seu desenvolvimento integral, ao contrário, ensinam-nas a repetir, a copiar e não oferecem as condições necessárias para criar.

Pois bem, se é isso que você professor e professora desejam. Está mesmo na hora de escolher a sua obra, e qual delas vai contribuir para esse processo de alienação das crianças e também seu. Sim, é importante dizer que, concordar com essa política de empobrecimento do trabalho com as crianças, significa abrir mão da sua autonomia docente, afinal, as atividades vêm prontas, basta seguir o modelo. 

É importante dizer que a infância é um período curto da nossa vida, considerando a expectativa. Nesse sentido, a reflexão que se faz presente é: Qual tempo será destinado para brincar? Para descobrir? Para criar nas crianças o encantamento pelo conhecimento?

Queremos que as crianças se expressem por meio das diferentes linguagens, da música, da literatura, do movimento, da arte e não precisamos fixá-las às cadeiras preenchendo materiais didáticos. Esse tempo da infância não volta. Existem diferentes formas de aprender, e como diz o Zaporozhetz (1987) não precisa ser por meio do ensino forçado, antecipado. Para o autor, se desejamos promover o desenvolvimento humano nas próximas gerações – isso se produz na participação ativa das crianças na vida da escola. E sinceramente, com o material didático do modo como está sugerido pelo PNLD/22, não atingiremos tal objetivo. 

Por isso, livro didático na Educação Infantil NÃO!